Gotas de beleza

"A pintura nunca é prosa. É poesia que se escreve com versos de rima plástica". (Pablo Picasso)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A arte de Juan Francisco Casas

Juan Francisco Casas Ruiz (1976) um ilustrador espanhol formado em Belas Artes pela Universidade de Granada.  Foi professor durante algum tempo e quando descobriu que seus trabalhos lhe rendiam um bom dinheiro, largou tudo e foi viver de sua arte.
O seu trabalho é feito a partir de fotografias que ele mesmo tira dos seus amigos, esposa, membros da família em poses divertidas, e em cima dessas fotografias ele faz suas ilustrações com... caneta BIC?? Sim! A mesma que usamos para escrever e rabiscar nos cadernos, ele as usa para desenhar. Surpreso? Pois é! E se engana quem pensa que são pequenas ilustrações, seus trabalhos são pôsteres de grandes proporções, o que torna seu trabalho ainda mais incrível.
Juan Francisco já teve seus trabalhos em exposições pela Europa e América e em 2011 participou da primeira edição do Art in Rio, feira de arte contemporânea que aconteceu no Pier Mauá.

Para se ter uma ideia do tamanho da ilustração:

O artista e sua obra

Haja caneta, heim?!

Perceba o detalha da água.





Riqueza de detalhes






segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Casa da Flor

 ...Tudo caquinho transformado em beleza...


Caminho de entrada da Casa da Flor
Em São Pedro da Aldeia, Rio de Janeiro, encontra-se uma construção única no país, a Casa da Flor. Construída por Gabriel Joaquim dos Santos (1892-1985), um homem negro, simples, trabalhador das salinas da região e que nunca frequentou a escola.  A Casa da Flor é uma obra prima da arquitetura espontânea, uma arquitetura que foge dos padrões e muitas vezes se utiliza de materiais pouco nobres e nada convencionais.
Gabriel começou a construir sua pequena jóia em 1912, depois de ter sonhado com um enfeite que poderia embelezar sua casa. Desde então, começou ele mesmo a criar seus próprios enfeites e a construir sua casa, se utilizando de objetos e quinquilharias que ia encontrando pela rua ou nas salinas. O que para muitos não tinha mais valor, em suas mãos ele moldava, colava, reaproveitava e ia dando forma a sua pequena obra, sempre guiado pelos seus sonhos e devaneios.

Alguns de seus admiradores o comparam a Gaudí (1852-1926), arquiteto espanhol que tinha a natureza como fonte de inspiração. Basta comparar a Casa da Flor com uma das obras de Gaudí, o Parque Güell em Barcelona, vemos que ambas são marcadas pelo uso de muitas cores e ausência de simetria.


Parque Güell, construído entre 1900 a 1914 
 

E ali, quase por um século, viveu um preto solitário transformando a pedra em flor. inutilmente.
Ludicamente. Lindamente, com aquela pureza que só iluminados tem".
Affonso Romano de Sant'Anna, poeta.

“Breton e Dali, se a vissem, elevariam seus cânticos a ela, pois nela tudo é surreal.
Tudo desabrochava, explodindo em flores."
Fernando Fuão, arquiteto.

Um homem não mais a construiu / colada ao sonho
acariciando /o caco /que encontrara / até fazer / florir / o que disseram / lixo."
Eucanaã Ferraz, poeta.

"...tem efeitos visuais tão lindos e inesperados
quanto os muros do Park Guell de Antoni Gaudí, em Barcelona..."
Ítalo Campofiorito, arquiteto.
"...aproveitava o que não servia para mais nada, para ninguém, nem para os pobres.
Só para a beleza. E assim nos revelou a beleza, a arte,
como a última redenção possível das coisas sem serventia."
Ferreira Gullar, poeta.
"...é sobretudo a vitória de um homem pobre sobre a banalidade aparente da vida,
sobre sua condição de pobreza e necessidade."
Ferreira Gullar, poeta




Quer conhecer um pouco mais sobre a Casa da Flor?
Acesse o site: http://www.casadaflor.org.br/intro.htm

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Livro: O Berço da desigualdade

O primeiro post de 2012 é sobre o livro “Berço da Desigualdade”, lançado em 2005 pela Unesco em parceria com a fundação Santillana.  


Em pleno século XXI onde as informações chegam para nós de uma forma imediata, onde para muitos as escolas são equipadas por aparelhos de última geração, é difícil acreditar que para outros, as invenções do novo século ainda não chegou. Muitos, dependendo do “berço”, ainda estudam em salas de aula improvisadas, com carteiras quebradas, materiais didáticos precários sem o mínimo de condições para uma educação digna, mas que apesar de tudo continua resistindo com professores e crianças cheios de esperanças em mudar essa realidade.

É disso que trata o livro “Berço da desigualdade”, sobre a diversidade das situações educativas pelo mundo e a esperança em mudá-la. Com fotos de um dos maiores fotojornalistas do Brasil, Sebastião Salgado e texto do ex-ministro da educação Cristovam Buarque, o livro é um convite à reflexão sobre a precária educação no Brasil e em outros países como Peru, Afeganistão e Quênia. As fotos e os textos são testemunhas da crise na educação e os meios para superá-la.
 Essas fotos refletem a esperança e a alegria das crianças de todas as culturas, em face do poder de transformação próprio da educação, e os textos que as acompanham contribuem para a necessária reflexão, que cada um de nós deve fazer a respeito da dimensão ética da educação em nosso mundo contemporâneo.” (Koïchiro Matsuura, Diretor-Geral da Unesco)
Fotos e reflexões

Quênia - Escola para jovens refugiados do sul do Sudão, 1993
"Talvez escolas com dromedários sejam mais divertidas,
mas certamente menos promissoras".


Sul do Sudão - Escola em um campo de expulsos pela guerra, 1995
"No quadro está escrito o perigo;
nos olhos, para onde ir amanhã".


"Oito mil anos depois da invenção dos sapatos,
pequenos pés descalços são marcas vergonhosas do
descaso da civilização com as crianças".

Paraguai - Escola rural na região de Pedro Juan Caballero, 1978
"Ciência e pés descalços:
resumo do mundo moderno".


"Certas escolas são equipadas apenas
com a obstinação dos que desejam aprender".
Quênia - Escola na região do Lago Turcana, 1986
"Nem sapatos nos pés, nem cadeiras na escola,
a civilização só globaliza o que lhe dá lucro".


Líbano - Escola para crianças palestinas (próxima a Tiro), 1998
"As crianças que vivem exiladas
são incapazes de desfrutar a beleza das borboletas
ou serão menos capazes de sonhar com a leveza da liberdade?"


Brasil - Escoal em um acampamento MST (Movimento dos Sem-Terra), 1996
"Este é um mundo de sem-terra
e de quase-escola".


Somália - Escola corânica, 2001
"Meninos e professor
sozinhos na aula e no mundo".


Quênia - Escola na região do Lago Turcana, 1986
"A alegria de cada escola está na confiança do professor
e na descoberta de mãos levantadas".


Afeganistão - Escola em um campo de refugiados, 1996
"Educar meninas é educar o mundo".