Gotas de beleza

"A pintura nunca é prosa. É poesia que se escreve com versos de rima plástica". (Pablo Picasso)

terça-feira, 31 de maio de 2011

O Estrangeiro

O desenho junto com a poesia a seguir,
ganhei da amiga Simone Vilela em 1986.

- Quem és tu?
- Se eu soubesse, não diria.
- De onde vens?
- De um país que não tem nome.
- Quando chegaste?
- Certa noite. Um dia...
- Sozinho?
- Minha sombra acompanhou-me.
- Que trazes?
- A Esperança de um “jamais”.
- Vieste?
- Lembrar ou esquecer aqui.
- Lembrar o quê?
- Já me Esqueci

Guilherme de Almeida


Guilherme de Almeida (1890-1969), advogado, jornalista, poeta, ensaísta e tradutor. Nascido em Campinas, SP. Ocupou a cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Letras em março de 1930.  Era conhecido como o Príncipe dos Poetas Brasileiros, pela construção cuidados dos seus versos. Morreu em São Paulo em 11 de julho de 1969.
Popularizou no Brasil a forma poética conhecida como haicai. De origem japonesa, são poemas formados por três linhas, que valoriza a concisão e a objetividade. “Uma poesia reduzida à expressão mais simples”.

Alguns haicais de Guilherme de Almeida


                                             Infância

                                                     Um gosto de amora
                                                     comida com sol. A vida
                                                     chama-se: “Agora”.


                           Velhice

                                          Uma folha morta.
                                          Um galho, no céu grisalho.
                                          Fecho a minha porta.

 

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Um pouco de poesia

Sexta-feira!! Para muitos o fim de semana já começou, para mim ainda falta algumas horinhas, mas só o fato de ser sexta, já saímos da cama com um pouquinho mais de disposição. Então, para começar bem o fim de semana, que tal um pouco de poesia.
A escolhida foi Clarice Lispector (1920-1977).  Escritora de origem judaica, nascida na Ucrânia. Com a perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa (1918-1921), sua família passa a percorrer várias aldeias da Ucrânia até mudarem-se de vez para o Brasil quando ela tinha 2 meses de idade.  

"Através de nuvens", Adam Rusin
Há Momentos

Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Visita a exposição de Escher


Uma das exposições mais legais que fui esse ano foi “O Mundo Mágico de Escher” que aconteceu no CCBB do Rio de Janeiro. Contava com diversas xilogravuras, litografias e instalações feitas através de labirintos e jogos de espelhos do artista que usava a ilusão de ótica e impossibilidades matemáticas como enigma que encanta o espectador.
Uma das características mais conhecidas das obras de Escher eram as figuras tridimensionais impossíveis de existir na realidade e a sobreposição de vários espaços em uma única imagem.
Relatividade (1953)

"Três planos de gravitação agem aqui verticalmente uns sobre os outros. Três superfícies terrestres, vivendo em cada uma delas seres humanos, intersectam-se em ângulo recto. Dois habitantes de mundos diferentes não podem andar, sentar-se ou ficar em pé no mesmo solo, pois a sua concepção de horizontal e vertical não se conjuga. Eles podem, contudo, usar a mesma escada. Na escada mais alta das aqui representadas, movem-se, lado a lado, duas pessoas na mesma direcção. Todavia, uma desce e a outra sobe. É claramente impossível um contacto entre ambas, pois vivem em mundos diferentes e não sabem, portanto, da existência uma da outra."   (Escher, 1994, p.15)
O Encontro (1944)
A partir dos limites cinzentos duma parede traseira, desenvolve-se um complicado padrão de figuras humanas brancas e pretas. Como seres vivos que são, precisam, pelo menos, dum chão sobre o qual se possam mover. Foi para eles desenhado um, tendo no meio um buraco circular, de maneira a poder ver-se ainda, tanto quanto possível, a parede traseira. Assim, são obrigados a moverem-se em círculo e ao mesmo tempo a encontrarem-se no plano de frente: um optimista branco e um pessimista preto que apertam as mãos.” (Escher, 1994, p. 11)


Os azulejos mouro e o contato com a arte árabe e suas tramas abstratas, inspiraram sua paixão pela divisão do plano em figuras geometricas. Porém, Escher substituiu as figuras abstratas por figuras concretas existentes na natureza como pássaros, peixes, pessoas.
 
Ar e Água I (1938)
Abaixo uma das obras que mais gosto e mais me intriga de M. C. Escher, Queda de água (1961)


“Esta obra consiste em traves rectangulares que se sobrepõem perpendicularmente. Se seguirmos com os olhos todas as partes desta construção, não se pode descobrir um único erro. No entanto, é um todo impossível porque de repente surgem mudanças na interpretação da distância entre os nossos olhos e o objecto. No desenho aplicou-se três vezes este triângulo impossível. A água duma cascata põe em movimento a roda de um moinho e corre depois para baixo, numa calha inclinada entre duas torres, devagar, em ziguezague, até ao ponto em que a queda d'água de novo começa. O moleiro tem, de vez em quando, de deitar um balde de água para compensar a perda por evaporação. Ambas as torres são da mesma altura, mas a da direita está, contudo, um andar mais baixo do que a da esquerda.”

Abaixo eu e duas amigas interagindo com uma obra.


Todas as citações foram retiradas do site: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/escher/prosto.html

 
 


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Que tal um café?

Faz um tempo que penso em fazer um blog, mas não tinha idéia de nome nem do que escrever. Até que um amigo disse que eu precisava colocar as idéias no papel e depois colocá-las em prática, e veio em minha mente esse trecho de um poema de Sarah Westphal: "Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perderam por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono".  Eu tenho mania de viver no outono, tenho vontade de fazer tanta coisa, de falar tanta coisa... mas o medo não me permite. E conversando com esse amigo eu me senti mais confiante, pelo menos para isso, para criar o blog. O nome?? Foi uma pergunta que ele me fez "vai um cafezinho Lili?". 
 A melhor hora para um papo descontraído, para devaneios e troca de idéias com pessoas queridas, na minha opinião, é a hora do intervalo. Então... Que tal um café?