Gotas de beleza

"A pintura nunca é prosa. É poesia que se escreve com versos de rima plástica". (Pablo Picasso)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Auto-retrato de Caravaggio revelado pela tecnologia

Baco, Caravaggio, óleo, 95 cm x 85 cm
Uffizi, Florença

Em 2009, pesquisadores descobriram, depois de anos escondido sob camadas e mais camadas de tinta e poeira, um pequeno auto-retrato de Caravaggio. A pequena imagem, foi descoberta em uma garrafa de vinho numa de suas obras mais famosas, Baco de 1597.
Ela mostra um homem, com uns 25 anos de idade, cabelo escuro e encaracolado refletido dentro da garrafa. O homem parece estar segurando um pincel e trabalhando em um cavalete. O nariz da pequena figura, os olhos e o colar em volta do pescoço são visíveis.
A imagem foi vista pela primeira vez em 1922, quando a tela foi restaurada por um italiano que descreveu o rosto como tendo "grandes olhos, um nariz largo e arrebitado e lábios ligeiramente abertos".
Ao longo dos anos, a pintura foi submetida a várias restaurações "pobres", inclusive foram repintadas todas as manchas escuras, até que, tornou-se impossível visualizar o detalhe. os especialistas foram capazes de "ver" através da pintura com uma técnica chamada refletografia, que usa a tecnologia de infravermelho para penetrar camadas de tinta de diferentes espessuras, tornando as camadas superiores transparentes.



Detalhe da obra


Fonte: Nick Squires, in http://www.telegraph.co.uk/culture/art/art-news/6468623/Tiny-Caravaggio-self-portrait-revealed-by-technology.html


terça-feira, 16 de setembro de 2014

Frida Kahlo, fragmentos

Neste post, resolvi apenas compilar alguns trechos do diário de Frida. O que ela acha dos EUA, a quem ela chamava de "gringolândia", seu pensamento a cerca de Diego e das tragédias de sua vida, além de um poema que encontrei no blog de Hérlon Fernandes. Como admiradora da vida e da obra de Frida Kahlo, sempre que puder vou postar algo sobre ela.

A árvore da esperança, 1946
Poema a Frida Kahlo (Árvore da Esperança)

O azul do meu sonho enrubesce,
Sangra diante da minha dor.
O meu amor está tão perto,
O meu amor está tão distante...
A primavera já não me oferece todas as cores
E os espinhos das rosas massacram minh'alma.
Nunca esqueci o ser amado,
Mas todo esse sentimento devotado transbordou,
Sangrou no rio negro de minhas angústias.
Estou gelada, deram-me por morta...
Fito-me diante do espelho:
O que é o sonho?
quisera ser a outra Frida,
A imagem menos dolorida,
A cicatriz no lugar da ferida.

O que é o sonho?
O meu azul enrubesce,
Sangra o meu amor despetalado.
(O meu amor levou a primavera consigo).

Hérlon Fernandes Gomes, in Lágrimas - Poemas Mornos (2002-2003)


"Pinto a mim mesmo porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor".


"E a sensação nunca mais me deixou, de que meu corpo carrega em si todas as chagas do mundo".




"O México, como sempre, está desorganizado e confuso. A única coisa que lhe resta é a grande beleza da terra e dos índios. Todos os dias, parte feia dos Estados Unidos rouba um pedaço; é uma lástima, mas as pessoas têm que comer e é inevitável que os peixes grandes devorem os pequenos".  (Frida não gostava dos EUA, a quem chama sempre de Gringolândia. Acha os 'gringos', como diz, 'arrogantes de nascença')



"Eu vou mal e irei pior ainda mas aprendo pouco a pouco a ser só, 
e isso já é alguma coisa, uma vantagem, um pequeno triunfo".


"Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade".

"Não estou doente. Estou partida. Mas me sinto feliz por continuar viva enquanto puder pintar".



"Eu pensava que eu era a pessoa mais estranha do mundo. Mas então eu pensei, existem tantas pessoas no mundo, deve existir alguém exatamente como eu, que se sente esquisita e imperfeita da mesma forma que eu. Eu a imaginava, e imaginava que ela deveria estar lá fora pensando em mim também. bem, eu espero que se você estiver aí, e leia isso, saiba que sim, é verdade, eu estou aqui, e sou tão estranha quanto você."

Em espanhol:

"No desses que le dé sed al árbol que tanto te ama, que atesoró tu semilla, que cristalizó tu vida a las seis de la mañana. no dejes que le dé sed al árbol del que eres sol."

"A veces prefiero hablar con obreros y albañiles que con esa gente estúpida que se have llamar gente culta".



"Te quiero... gracias porque vives, porque ayer me dejaste tocar tu luz más íntima y porque dijisti con tua voz y tus ojos lo que yo esperaba toda mi vida".


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

As pinturas hiper-realistas de Matt Story


Artista de Los Angeles Matt Story tem o talento único de criar obras de arte hiper-realistas, que captura um momento no tempo e olhar tão detalhada como fotografias. Tendo trabalhado como ilustrador técnico e artista gráfico no cinema e na televisão, Story agora se concentra em suas pinturas a óleo, utilizando as técnicas tradicionais sobre tela para produzir obras deslumbrantes. 
 “Eu tento pintar a vida, de forma a capturar os cristais de memória intocada que todos nós compartilhamos, sem nunca descrever um ao outro. Cada composição usa o gesto da figura para evocar uma forma platônica, uma noção arquetípica, a essência destilada, aquela que dura para além do momento”. (Matt Story)
Story estudou arte desde muito cedo e demonstrou uma habilidade única para o hiper-realismo. Para ele, “a câmera vê de forma imparcial, porque há muito mais lá, capturado apenas pelo filtro humano da memória".

Possui um estúdio a mais de 20 anos em Los Angeles e desde meados de 2013 vive com sua esposa em Ilha das Palmas, Charleston, onde ele pinta, muitas vezes, doze ou mais horas por dia e sete dias por semana. Sua pintura a óleo sobre tela e painel se assemelha aos métodos clássicos, usado há séculos pelos mestres como Ticiano e Caravaggio.

Série água:

"Blue note blond", óleo sobre painel, 56 x 42

"White top jostie arms wide", óleo sobre tela, 60 x 40

"White reach", óleo sobre painel, 30 x 20

"Red repose again", óleo sobre painel, 42 x 28
"Blue drive by", óleo sobre painel, 36 x 48
"Pacific reflection floating", óleo sobre painel, 54 x 36

"White top hair flip", óleo sobre painel, 32 x 48

"Low tide", óleo sobre painel, 54 x 36

Outros temas:

"Ghosts of Saint Catherine"s"

"Ghosts of Saint Mark's", Óleo sobre painel


"Grey trees on bank"

"Foggy respite with tree"

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Ilustração da música "Vambora" de Adriana Calcanhoto


Trabalho proposto pelo professor da disciplina de Arte, Cultura e Sociedade da Pós-Graduação em fotografia. Foram sorteadas 10 músicas, de diferentes gêneros, entre a turma e o trabalho consistia em fazer 4 fotos ilustrando a canção sorteada. Eu fui contemplada com "Vambora" de Adriana Calcanhoto.

Vambora é uma música que trata o amor de uma forma diferente, pois fala sobre solidão dos que amam. Nela, a cantora faz alusão a duas obras literárias, "Na cinza das horas", primeiro livro de poesias do escritor Manuel Bandeira, lançado em 1917, e "Dentro da na noite veloz" de Ferreira Gullar lançado em 1998. Livros que a cantora tem em sua estante.
A canção foi lançada em 1998 e faz parte do CD Marítimo, segundo a cantora,  até hoje é uma música muito pedida em seus shows. 

A letra:

Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida

Vem, vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
"Dentro da noite veloz"

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque  meu coração dispara
Quado tem o seu cheiro
Dentro de um livro
"Nas cinzas das horas"


Minha visão da música:

Foto: Eliete Menezes
Foto: Eliete Menezes
Foto: Eliete Menezes
Foto: Eliete Menezes





segunda-feira, 28 de julho de 2014




Congresso Internacional do Medo

Carlos Drummond de Andrade
Foto: Eliete Menezes

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.